O Oceano no fim do Caminho - Neil Gaiman

Já fazia um bom tempo que eu tinha vontade de ler algo do Neil Gaiman, tanto seus livros quanto os quadrinhos. Ouvia falar sobre Sandman e isso me deixava curiosa, mas sei lá o por que ainda não tinha lido nada, até esbarrar com “O Oceano no Fim do Caminho”. Minha reação: “Neil Gaiman, por que eu passei tanto tempo sem você?!?”  

Já imaginou como seria ter um oceano no quintal?

Logo nas primeiras páginas já fiquei com um nó na garganta, quando conhecemos algumas lembranças da infância do personagem principal (que não tem nome, pode ser qualquer um, pode ser você. Será que você compartilha lembranças semelhantes da sua infância?), como o fracasso do seu aniversário de 7 anos, o bullyng e o refúgio que ele encontrava nos livros, viajando com suas histórias.  Uma história inicialmente simples, que ganha novas proporções com elementos fantásticos, que são tratados de forma séria a partir do olhar de um menino de 7 anos, que não compreende o que está acontecendo, mas aceita a seriedade desses fatos (da mesma forma que não entende uma cena de sexo e traição, mas sabe que aquilo é algo ruim para sua família). A melancolia é algo quase palpável, está presente em todas as linhas e palavras, mesmo nos trechos que descrevem cenas de aparente felicidade.

E encontramos Lettie Hempstock, com toda a sabedoria de uma menina de 11 anos... que há algum tempo tem 11 anos. Ela tem um Oceano no terreno da casa em que morava com sua mãe e sua avó, e cumpriu sua promessa de sempre proteger um menininho de 7 anos. As mulheres Hempstock são o elo entre a vida comum em que o personagem principal estava acostumado e os elementos fantásticos que passam a invadir a sua vida, são elas e a vilã Ursula Monkton que conduzem a ação da história, seus impulsos, escolhas e conhecimentos que delineiam a maior parte da trama.

            O “Oceano no Fim do Caminho” é uma fábula sobre a infância que nos atinge em cheio, é nostálgico e sutil. Neil Gaiman brinca com suas lembranças de infância, medos e fantasias, com o que é humano e simples. O que inicialmente seria um pequeno conto para sua mulher, Amanda Palmer, Gaiman cria um livro mágico e único que vale a pena ler e reler infinitas vezes. 

Capa linda-linda-linda

“O Oceano no Fim do Caminho” é editado no Brasil pela Intrínseca e o design da capa linda-linda é de Adam Johnson.