Isaac Asimov é
considerado um dos principais autores de Ficção Científica. Ele é o criador de
livros como “Eu, Robô” e “O Homem Bicentenário”, ambos transformados em filmes.
Mas muitos fãs de Ficção Científica consideram a “Trilogia da Fundação” a
verdadeira obra prima de Asimov. Hoje vou comentar um pouco sobre o primeiro
livro da trilogia: Fundação.
Conheça a FUNDAÇÂO |
Logo no início do livro o leitor é apresentado à Hari Seldon e sua ciência revolucionária: a Psico-História, que é uma ciência matemática (foi um pouco difícil aceitar uma ciência chamada de psico-história ser uma ciência exata, já que sou historiadora, mas depois acabei me acostumando com a ideia, rs) que com base em cálculos estatísticos consegue prever o futuro da humanidade, por conseguir interpretar o comportamento do ser humano em coletividade, não o indivíduo.
"Gaal Dornick, utilizando conceitos não matemáticos, definiu a psico-história como o ramo de matemática que trata das reações dos conglomerados humanos e estímulos sociais e econômicos fixos...Uma suposição necessária posterior é que o conglomerado humano esteja ele próprio inconsciente da análise psico-histórica para que suas reações sejam verdadeiramente aleatórias..." (p.25)
Mas a Psico-História de Seldon causa um certo alvoroço, pois com base em seus cálculos e projeções, Seldon afirma que o Império Galáctico, depois de milhares de anos de prosperidade, estaria em franco declínio, levando a humanidade à uma crescente barbárie. Seldon não encontra nenhuma forma de evitar essa tragédia, mas com base em seus estudos de Psico-História, ele traça um plano para minimizar os estragos e evitar que essa era de trevas ocasionada pelo fim do Império Galáctico dure não 30 mil anos, mas apenas um milênio, e que ao fim desses mil anos um outro Império Galáctico surja, mais forte e correto.
Mas para esse plano de Seldon dar certo ele cria um grupo chamado de Fundação, que terá uma imensa responsabilidade no decorrer desses mil anos de interregno entre a queda do Império Galáctico e ascensão de um segundo Império Galáctico. A Fundação precisa garantir que toda a humanidade siga o plano Seldon, para evitar os milênios de dor e obscuridade e para isso acontecer é necessário que a fundação se concentre na criação da Enciclopédia.
Box - Trilogia da Fundação, publicado pela editora Aleph |
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“Fundação” é conhecer séculos da história da humanidade e do plano Seldon, que
Asimov consegue descrever com muita perícia. Ele nos dá as principais
informações sem cansar a narrativa ou torná-la entediante. Cada enfrentamento
de crises tem uma resolução fantástica, que instiga a leitura para o capítulo
seguinte. Mas no decorrer da leitura um ponto me incomodou bastante: a quase
ausência de personagens mulheres. Se não fosse a esposa chata de um certo
governante, que aparece umas duas vezes na história, poderia se concluir que
as mulheres eram extintas. E a única mulher ser um personagem tão detestável,
que não gera empatia, também me incomoda. Parece que o futuro da humanidade
continua machista, segundo esse livro de Asimov, já que não aparece nenhuma
mulher entre os cientistas, prefeitos, enciclopedistas, comerciantes e outros
personagens chaves da Fundação.
Apesar
desse incômodo, o universo criado por Asimov é muito interessante, essa humanidade que se
espalhou por toda a Galáxia a ponto de perder a noção de seu planeta de origem
é genial. A Fundação e a Psico-História são elementos incríveis que geram surpresas e
reviravoltas, e tenho certeza que o Asimov se inspirou na queda do Império
Romano do Ocidente para criar o Império Galáctico e sua crise.
“Fundação” foi publicado pela
editora Aleph, com a tradução de Fábio Fernandes e capa de Delfin.
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