terça-feira, 19 de agosto de 2014

Orgulho e Preconceito - Jane Austen

   Jane Austen é um nome de referência na literatura internacional, e uma de suas obras mais famosas é “Orgulho e Preconceito”, tendo sido inclusive adaptado para o cinema. Esse livro foi uma das minhas aquisições de julho, e a minha escolha para conhecer a escrita de Jane Austen: fui surpreendida positivamente! Eu, que não gosto muito de romance, me peguei me divertindo demais com a leitura e torcendo pelo sr. Darcy!



    No início da história conhecemos o casal Bennet e suas 5 filhas: Jane, Elizabeth, Mary, Kitty e Lydia. Por terem apenas filhas mulheres, a propriedade da família passaria para um primo distante quando sr. Bennet morresse (culpa do sistema de morgadio, que não permitia que uma propriedade fosse dividida, sendo passada sempre como herança para o filho mais velho, e na falta deste, outro homem com parentesco mais próximo ao dono da propriedade). Por isso a sra. Bennet estava doida para casar as filhas, o que era a coisa mais usual a fazer na época, já que, para as moças de famílias um pouco mais abastadas, não ficava bem que trabalhassem, mas sim fazer um bom casamento e cuidar da família e da administração da casa.
    Assim, quando o solteiro, rico e simpático sr. Bingley se instala numa das propriedades da vizinhança, sra. Bennet se empenha em aproximar suas filhas do forasteiro na esperança de que o sr. Bingley se dispusesse a casar com uma delas. Mas Bingley não estava sozinho, tinha a companhia de suas irmãs e do sr. Darcy, outro jovem solteiro e rico, mas que contrastava com os modos alegres e gentis de Bingley. Darcy estava sempre sério, evitava as pessoas que desconhecesse e logo ganhou uma fama negativa pela vizinhança.
   Mas uma série de encontros inesperados fazem sr. Darcy se aproximar de Elizabeth Bennet, a heroína da história. Lizzy (um de seus apelidos) era uma garota extremamente inteligente, perceptiva e com opiniões fortes, que logo se desgostou de Darcy e sempre que pode fez questão de ser irônica em sua presença. Nessa relação conturbada, onde o orgulho e o preconceito estão muito presentes, Lizzy e Darcy amadurecem como personagens, criando novas percepções, descobrindo fraquezas, repensando antigas certezas.
    Lizzy foge do padrão de comportamento de “donzela” esperado por aquela sociedade de fins de século XVIII e início do XIX, ela não quer se casar para garantir uma casa, ela não sonha com paqueras e namoricos, apesar de permitir ser cortejada quando lhe agrada, ela almeja um relacionamento sadio, que respeite a sua individualidade, sua personalidade. Outra personagem que gostei muito foi Lydia, uma das irmãs de Lizzy, que leva o seu anseio por um casamento ao extremo, mesmo indo contra as convenções da época, arcando com as consequências de seus atos mesmo que de forma destrambelhada. Ela é impulsiva e intransigente, me diverti muito com ela.
   Jane Austen nos apresenta as relações sociais de uma nobreza agrária versus uma burguesia em ascensão, onde o papel feminino deveria ser voltado para o casamento e o cuidado do lar, compondo com o marido a aparência da família próspera. As desigualdades de status sociais permeiam todo o livro de Austen, que tratou dessas questões com muita ironia e humor. As tiradas de Lizzy e do sr. Bennet são ótimas!

Quem gosta de romances precisa ler “Orgulho e Preconceito”, já quem não gosta é uma oportunidade de deixar o orgulho de lado e rever seu preconceito literário! (tá, eu sei que a tentativa de trocadilho com o título ficou horrível. Sorry)


O meu exemplar de “Orgulho e Preconceito” é uma edição de bolso da Martin Claret (que melhorou muuuuuito suas capas), com tradução de Roberto Leal Ferreira.


5 comentários:

  1. Eu leio "Orgulho e Preconceito" desde meus dias de adolescente, leio e releio esse texto com vários níveis de maturidade e desde muito consigo amar todos os personagens do livro sentindo pela família Bennet muitas vezes um misto de amor incondicional e vergonha alheia. Mas, só na minha ultima leitura passei a perceber que a Lídia algumas vezes parece uma versão da Lizze mais "selvagem" e também tem seu charme, apesar de todo celeuma que causa em sua família.

    Adorei tua leitura, é muito agradável dar de cara com a impressão de uma historiadora sobre uma obra escrita a duzentos anos, a gente não corre risco de ser a vitima da vez do ataque cardíaco que acontece com um historiador cada vez que alguém usa a palavra "atemporal" para uma obra que ainda faz sentido para o presente.

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  2. Que bom que você gostou da resenha e não sofreu nenhum ataque cardíaco! rsrs
    Achei genial o livro exatamente por tratar com acidez e olhar clínico a sociedade em que a própria Jane Austen estava inserida. É uma leitura maravilhosa exatamente por conseguir transmitir de forma tão vívida as relações humanas num determinado tempo e espaço. Austen realmente era muito talentosa!
    A Lydia foi o elemento surpresa pra mim, não esperava encontrar uma personagem como ela, que apesar de ser estigmatizada e da inconstância da situação em que ela se colocou, ela não estava nem ligando, fez o que achou que a faria feliz e pronto. Ela foi egoísta e inconsequente, mas de uma coragem tremenda!!! Coragem que talvez Lizzy não teria.

    Beijos flor!

    Fran

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  3. Oi Fraaaan!
    ainda não li esse livro! A Rê minha companheira de blog, me emprestou, porque achou um absurdo eu gostar tanto de romance e não ter lido O&P!
    ainda não conheço o Mr. Darcy e já sou louca por ele... de tanto ouvi falar haha!
    nãããão vejo a hora de conferir !

    Um beeijo Lara.
    Blog Meus Mundos no Mundo | | Página Coração Furta-Cor

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  4. Esse livro está entre os meus favoritos. Assisti o filme e gostei tanto que fui imediatamente atrás da obra pra ler. A verdade é que a história é uma delícia... um romance daqueles que não sai da cabeça (com um Mr. Darcy que deixa impressões na gente pro resto da vida...rsrs). Os diálogos são ótimos, a narrativa flui... enfim, um dos melhores romances que já li.

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  5. Olha, eu discordo: acho que o trocadilho com o título no final ficou genial! aiushiuhas
    Todos nós já ouvimos falar a torto e a direito de Orgulho e Preconceito - e, bem, não sei como acabou não sendo a minha primeira leitura da Austen. Meu primeiro contato com a autora foi com Emma, numa edição linda também da Martin Claret, com uma diagramação de encantar qualquer bibliófilo - e, apesar de ser considerado um dos livros mais chatos da autora, me encantei bastante. Tenho Orgulho e Preconceito, também na mesma edição, e, bem, me faltava um fôlego pra lê-la. Até eu ler sua resenha!
    Sua resenha me abriu os olhos pra temas que eu sei que existem na obra de Austen por já ter lido algo dela, mas que eu imaginava, por ser uma obra com um romance tão adorado pelo mundo todo, estarem um pouco em segundo plano: a posição da mulher na sociedade e a estrutura social vigente na época. Me encanta de montão obras que trazem heroínas impetuosas, fortes, inteligentes - e saber que Elizabeth é assim, de fato, só me chama mais a atenção. Conhecer mais da época, como funcionava a sociedade e suas relações também é algo que eu estudo como hobby - e nada melhor que estudar um hobby dentro de outro hobby.
    Acho que realmente é hora de dar chance à Pride and Prejudice. Vou tirar minha edição da estante e finalmente lê-la!
    Abração!!


    Achou O Quê?:
    http://achouoque.blogspot.com.br/

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