Buscando
alguma coisa interessante na banca, me deparei com uma edição
especial da Vertigo sobre “Fantasmas e Viagens no Tempo”.
É uma coletânea com diferentes histórias, que de alguma forma
dialogam com os fantasmas, ou com ficção científica e viagens no
tempo. Algumas das histórias me deixaram um pouco decepcionada, mas
outras... são incríveis!
A
primeira história tem um dos melhores títulos de todos os tempos,
“Meu fantasma chegou no dia em que comecei no emprego de
datilógrafo”, criação de Al Ewing e Rufus Dayglo, também
tem uma premissa muito interessante: o que você faria se o fantasma
daqueles sonhos que você desistiu aparecesse na sua casa? E se esse
seu fantasma se tornasse mais popular que você? Foi um ótimo
começo para a coletânea.
A
história seguinte, “Os detetives mirins mortos em 'Os
Rejeitados'”, é a maior de todas e foi dividida em três
partes. Os detetives mirins mortos foram criados por Neil Gaiman, mas
a história apresentada nessa edição é de Toby Litt, Mark
Buckingham e Victor Santos. Imagine dois garotos, que estão mortos,
investigando o sumiço de uma gatinha, que também está morta, e que
encontram um ser muito estranho... um professor! Que prende crianças
eternamente em sua escola fantasmagórica para crianças rejeitadas.
Essa história me deixou com vontade conhecer outros casos
investigados pelos detetives mirins mortos.
Será que esse professor ganha bem? |
“Fora
de Quadro” de Cecil Castellucci e Amy Reeder, é uma história
extremamente reflexiva que eu curti muito. Trata do relacionamento de
um casal, e como a vida, as escolhas pessoais, a rotina, pode nos
tornar “fantasmas” do que já fomos, ou do que imaginávamos ser
e as possibilidades de, metaforicamente, tornarmos novamente de carne
e osso, ou não. Muitos adultos podem se reconhecer em alguns dos
quadros, e os mais jovens podem vislumbrar seus pais entre as páginas
dessa história.
Já
“O menino e o velho” foi a última história criada e
roteirizada por Joe Kubert, que faleceu pouco tempo depois da sua
criação. A publicação respeitou o seu desenho a lápis solto, sem
colorização, o que deu uma aparência e um movimento ao desenho
muito comoventes, e que caiu muito bem com a narrativa de um velho
nativo mesoamericano agonizante e seu devotado neto.
“Tigela
Rubra” de Neil Kleid e John McCrea, conta a história de um
prato de chilli... que não é qualquer prato de chilli (!) e que
exige muito mais do que apetite daqueles que se aventuram em
experimentá-lo. Não gostei muito dessa história, tem um final em
aberto que, na minha leitura, não funcionou muito não. “Noiva”
de Mary H. K. Choi e Phil Jimenez, é uma parada muito louca... é um
cara lembrando da sua noiva, que já havia falecido, e que cheira as
cinzas dela para conseguir dormir. Não formei ainda uma opinião
sobre essa história. É esquisita.
Tá afim de dividir uma tigela de chilli com esse cara? |
“Tesouro
Perdido” de Paul Pope e David Laphan, tem um navio fantasma que
não é fantasma, mas sim um sistema de camuflagem, e conta a
história de dois irmãos, ela já adulta e ele um adolescente mas
herdeiro do lugar de poder de seu pai, e o sequestro dos dois e como
eles lidaram com a adversidade. É uma história sobre fraternidade,
sobre laços. “A moça de preto” Gilbert Hernandez, tem um
traço super simples, o que me fez menosprezar um pouco a história
de início, mas depois fui surpreendida positivamente. Dois jovens
passeiam entre árvores, enquanto um não quer se atrasar para a
igreja o outro quer descobrir quem é a misteriosa moça de preto.
“Fantasma
de Aluguel” de Geoff Johns e Jeff Lemire, tem um dos finais que
eu mais gostei. Um cara cobra para assombrar casas. Mas na verdade
quem faz o servicinho sujo é o seu irmão, que é um fantasma com
muitos escrúpulos e que deseja trabalhar com previsão do tempo.
Dando
início a parte sobre viagens no tempo (que não são todas as
histórias sobre viagens no tempo precisamente, algumas refletem
sobre possibilidades de uso do tempo e suas consequências), temos “R.I.P.” de Damon Lindelof e Jeff Lemire, que me deixou
com um apertinho no coração no final. Um mestre do tempo fica preso
na era dos dinossauros, mas em alguns momentos aparece ele mesmo do
futuro dando indicações do que fazer para salvá-lo (o que pra mim
não teve muita lógica, já que para o “ele” do futuro ajudar o
“ele” preso com os dinossauros ele teria que ter sobrevivido e
saído de lá sozinho, ou não? Me fez lembrar do Harry Potter e o
Prisioneiro de Azkaban). Apesar dessa confusão inicial, adorei a
história.
Dinossauros seriam bons bichinhos de estimação? |
“Tomado
pelos demônios” de Tom King e Tom Fowler, e “O Preceito”
de Dan Abnett e Inj Culbaro, são duas histórias de viagens no tempo
e as consequências dessas intervenções na história da humanidade.
Como professora de história adorei as duas, com finais tão
antagônicos, mas ainda assim tão interessantes. “Tudo que você
precisar” de Gail Simone e Gael Bertrand, traz a possibilidade
de reviver momentos passados, buscando algum conforto em meio ao
sofrimento atual. Mas o que é traz satisfação para algumas pessoas
pode ser algo hediondo. Gostei muito!
“A
Contenda” de Simon Spurrier e Michael Dowling, conta a sobre a
rivalidade de dois cientistas, com o perdão da palavra, dois
babacas. Mostra como a ciência pode se tornar fútil e espetaculosa.
Apesar dessa critica, achei muito chata a história. Em “Ela não
está lá” de Peter Milligan e M.K. Perker, o futuro
proporciona a criação de um “fantasma” de seu ente querido que
já faleceu, mas claro que você precisa pagar pelo produto. Já
“00:00:03:00” de Ray Fawkes e Andy McDonald, é uma
oportunidade de pensar o que faríamos se soubéssemos que esses
seriam os últimos 3 minutos da nossa vida. Em “Atenção
perigo” de Matt Kindt a questão é a guerra, e as
possibilidades de haver ética, ou não, num conflito armado.
Olá, sou sua fantasma particular. |
No
saldo final, curti muito a grande maioria das histórias, e recomendo
para quem curte quadrinhos com histórias de fantasmas e de viagens
no tempo. Boa diversão!
Queria ler mais quadrinhos... preciso investir mais nisso! Amei o título da primeira história!
ResponderExcluirSerá que esses "detetives mirins mortos" seriam aqueles meninos que fogem de um internato naquele arco de Sandman no qual Lucife decide desistir do Inferno??? Sempre quis saber se aqueles dois foram felizes! A parte isso sou apaixonada por quadrinhos, atualmente é a coleção que mais cresce em minha estante, então em minhas caçadas no Sebo se eu cruzar com essa brincadeira levo ela comigo e depois te conto como foi!!!
ResponderExcluirCheros Fran!!!
Oi, Fran!
ResponderExcluirAaeeeee, saiu a postagem que eu queria!
Incrível! Tanto a HQ quanto a sua resenha!
Gostei muito do estilo, mesmo não sendo muito fã de contos!
=D
http://osdragoesdefogo.blogspot.com/