segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Fantasmas e Viagem no Tempo – Vertigo Especial [+18]

   Buscando alguma coisa interessante na banca, me deparei com uma edição especial da Vertigo sobre “Fantasmas e Viagens no Tempo”. É uma coletânea com diferentes histórias, que de alguma forma dialogam com os fantasmas, ou com ficção científica e viagens no tempo. Algumas das histórias me deixaram um pouco decepcionada, mas outras... são incríveis!




   A primeira história tem um dos melhores títulos de todos os tempos, “Meu fantasma chegou no dia em que comecei no emprego de datilógrafo”, criação de Al Ewing e Rufus Dayglo, também tem uma premissa muito interessante: o que você faria se o fantasma daqueles sonhos que você desistiu aparecesse na sua casa? E se esse seu fantasma se tornasse mais popular que você? Foi um ótimo começo para a coletânea.
   
   A história seguinte, “Os detetives mirins mortos em 'Os Rejeitados'”, é a maior de todas e foi dividida em três partes. Os detetives mirins mortos foram criados por Neil Gaiman, mas a história apresentada nessa edição é de Toby Litt, Mark Buckingham e Victor Santos. Imagine dois garotos, que estão mortos, investigando o sumiço de uma gatinha, que também está morta, e que encontram um ser muito estranho... um professor! Que prende crianças eternamente em sua escola fantasmagórica para crianças rejeitadas. Essa história me deixou com vontade conhecer outros casos investigados pelos detetives mirins mortos.

Será que esse professor ganha bem? 


   “Fora de Quadro” de Cecil Castellucci e Amy Reeder, é uma história extremamente reflexiva que eu curti muito. Trata do relacionamento de um casal, e como a vida, as escolhas pessoais, a rotina, pode nos tornar “fantasmas” do que já fomos, ou do que imaginávamos ser e as possibilidades de, metaforicamente, tornarmos novamente de carne e osso, ou não. Muitos adultos podem se reconhecer em alguns dos quadros, e os mais jovens podem vislumbrar seus pais entre as páginas dessa história.

   Já “O menino e o velho” foi a última história criada e roteirizada por Joe Kubert, que faleceu pouco tempo depois da sua criação. A publicação respeitou o seu desenho a lápis solto, sem colorização, o que deu uma aparência e um movimento ao desenho muito comoventes, e que caiu muito bem com a narrativa de um velho nativo mesoamericano agonizante e seu devotado neto.

   “Tigela Rubra” de Neil Kleid e John McCrea, conta a história de um prato de chilli... que não é qualquer prato de chilli (!) e que exige muito mais do que apetite daqueles que se aventuram em experimentá-lo. Não gostei muito dessa história, tem um final em aberto que, na minha leitura, não funcionou muito não. “Noiva” de Mary H. K. Choi e Phil Jimenez, é uma parada muito louca... é um cara lembrando da sua noiva, que já havia falecido, e que cheira as cinzas dela para conseguir dormir. Não formei ainda uma opinião sobre essa história. É esquisita.

Tá afim de dividir uma tigela de chilli com esse cara?


   “Tesouro Perdido” de Paul Pope e David Laphan, tem um navio fantasma que não é fantasma, mas sim um sistema de camuflagem, e conta a história de dois irmãos, ela já adulta e ele um adolescente mas herdeiro do lugar de poder de seu pai, e o sequestro dos dois e como eles lidaram com a adversidade. É uma história sobre fraternidade, sobre laços. “A moça de preto” Gilbert Hernandez, tem um traço super simples, o que me fez menosprezar um pouco a história de início, mas depois fui surpreendida positivamente. Dois jovens passeiam entre árvores, enquanto um não quer se atrasar para a igreja o outro quer descobrir quem é a misteriosa moça de preto.

   “Fantasma de Aluguel” de Geoff Johns e Jeff Lemire, tem um dos finais que eu mais gostei. Um cara cobra para assombrar casas. Mas na verdade quem faz o servicinho sujo é o seu irmão, que é um fantasma com muitos escrúpulos e que deseja trabalhar com previsão do tempo.

   Dando início a parte sobre viagens no tempo (que não são todas as histórias sobre viagens no tempo precisamente, algumas refletem sobre possibilidades de uso do tempo e suas consequências), temos  “R.I.P.” de Damon Lindelof e Jeff Lemire, que me deixou com um apertinho no coração no final. Um mestre do tempo fica preso na era dos dinossauros, mas em alguns momentos aparece ele mesmo do futuro dando indicações do que fazer para salvá-lo (o que pra mim não teve muita lógica, já que para o “ele” do futuro ajudar o “ele” preso com os dinossauros ele teria que ter sobrevivido e saído de lá sozinho, ou não? Me fez lembrar do Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban). Apesar dessa confusão inicial, adorei a história.

Dinossauros seriam bons bichinhos de estimação?


   “Tomado pelos demônios” de Tom King e Tom Fowler, e “O Preceito” de Dan Abnett e Inj Culbaro, são duas histórias de viagens no tempo e as consequências dessas intervenções na história da humanidade. Como professora de história adorei as duas, com finais tão antagônicos, mas ainda assim tão interessantes. “Tudo que você precisar” de Gail Simone e Gael Bertrand, traz a possibilidade de reviver momentos passados, buscando algum conforto em meio ao sofrimento atual. Mas o que é traz satisfação para algumas pessoas pode ser algo hediondo. Gostei muito! 

   “A Contenda” de Simon Spurrier e Michael Dowling, conta a sobre a rivalidade de dois cientistas, com o perdão da palavra, dois babacas. Mostra como a ciência pode se tornar fútil e espetaculosa. Apesar dessa critica, achei muito chata a história. Em “Ela não está lá” de Peter Milligan e M.K. Perker, o futuro proporciona a criação de um “fantasma” de seu ente querido que já faleceu, mas claro que você precisa pagar pelo produto. Já “00:00:03:00” de Ray Fawkes e Andy McDonald, é uma oportunidade de pensar o que faríamos se soubéssemos que esses seriam os últimos 3 minutos da nossa vida. Em “Atenção perigo” de Matt Kindt a questão é a guerra, e as possibilidades de haver ética, ou não, num conflito armado.

Olá, sou sua fantasma particular.


  No saldo final, curti muito a grande maioria das histórias, e recomendo para quem curte quadrinhos com histórias de fantasmas e de viagens no tempo. Boa diversão!


3 comentários:

  1. Queria ler mais quadrinhos... preciso investir mais nisso! Amei o título da primeira história!

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  2. Será que esses "detetives mirins mortos" seriam aqueles meninos que fogem de um internato naquele arco de Sandman no qual Lucife decide desistir do Inferno??? Sempre quis saber se aqueles dois foram felizes! A parte isso sou apaixonada por quadrinhos, atualmente é a coleção que mais cresce em minha estante, então em minhas caçadas no Sebo se eu cruzar com essa brincadeira levo ela comigo e depois te conto como foi!!!

    Cheros Fran!!!

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  3. Oi, Fran!
    Aaeeeee, saiu a postagem que eu queria!
    Incrível! Tanto a HQ quanto a sua resenha!
    Gostei muito do estilo, mesmo não sendo muito fã de contos!
    =D

    http://osdragoesdefogo.blogspot.com/

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