Marina - Carlos Ruiz Zafón

Um mistério pelas ruas de Barcelona de fins da década de 1970. Uma história mal contada, uma borboleta negra, um casarão antigo impregnado pelo passado e uma menina chamada Marina. O autor classifica o livro como juvenil, mas como ele próprio diz na nota que introduz o livro “eu estava tentando escrever o tipo de romance que gostaria de ter lido na infância, mas que também continuaria a me interessar aos 23, 40 ou 43 anos de idade.” Essa foi minha primeira “viagem” com a escrita de Carlos Ruiz Zafón, tenho 27 anos e estou encantada

Óscar, um adolescente de 15 anos e estudante de um internato, é o protagonista da história. Acompanhamos suas divagações e passeios por Barcelona através de ruas, casarões e jardins. Óscar, num desses passeios, encontra um casario com grandes portões e um gato de olhos brilhantes. Essa casa acaba o atraindo de uma forma irresistível, levando Óscar para uma aventura que ele nunca imaginou.

Como ponto de partida desse mistério está Marina, a menina que habita o casarão e que o convida a investigar um mistério, que acaba os levando para os mais diversos lugares, como o cemitério de Sarriá, uma estufa abandonada e os esgotos de Barcelona. E como fio condutor de todo o suspense está o símbolo de uma borboleta negra gravado num túmulo sem nome.  

“- As vezes, as coisas mais reais só acontecem na imaginação, Óscar – disse ela. – A gente só se lembra do que nunca aconteceu.”  

Em meio as caminhadas noturnas e encontros com coisas estranhas, nasce um sentimento muito bonito unindo Óscar e Marina, dando mais melancolia e beleza à história. Não é um romance meloso que se sobrepõe aos outros elementos da história, é uma relação condizente com narrativa, com os elementos trabalhados pelo autor.

Percebi o livro como uma história de desapego, memórias e perdas. Zafón utilizou o suspense e os elementos fantásticos de forma muito interessante, que até me remeteu um pouco ao “O Oceano no Fim do Caminho” de Neil Gaiman, pela naturalidade que os elementos fantásticos se misturam com a realidade, além do papel da personagem feminina ao introduzir o protagonista num mundo de mistérios.

Outro ponto que eu achei delicioso durante a leitura foram as descrições sobre Barcelona. A impressão que me deixou foi que a cidade era também um personagem e não só um cenário.

“Naquele dia, nos céus de Barcelona, o fantasma de Gaudí esculpia nuvens impossíveis sobre um azul que dissolvia o olhar.”

Recomendo fortemente a leitura de Marina. E já estou planejando adquirir novos livros do Carlos Ruiz Zafón, você tem algum livro para me indicar?

Marina foi publicado pela Suma de Letras com tradução de Eliana Aguiar